sábado, 13 de dezembro de 2008

Método Vincent Van Gogh

Método de Avaliação

Temos vindo a assistir nos últimos meses, quase diariamente, a sucessivas notícias sobre a eventual avaliação dos professores. Não posso deixar de referir a minha preocupação em relação a todo este processo.
A minha apreensão deriva não só deste processo penoso e sem fim à vista, mas sobretudo do estado a que chegou a educação em Portugal. Na minha perspectiva estamos perante um problema de fundo. Na realidade o ensino tem vindo a degradar-se progressivamente já há vários anos. É urgente a necessidade de reformular o paradigma que rege todo o sistema educativo. É necessário reorientar os objectivos que se pretendem atingir. A escola tem de ter metas a alcançar. É indispensável que os responsáveis pela educação parem, pensem e juntamente com professores e associações de pais cheguem a um acordo.
Temos urgência de uma reforma fracturante do sistema educativo que, na minha perspectiva, tenha como pilares sólidos: 1- a defesa da língua portuguesa, mediante um ensino mais rigoroso e abrangente não só nas áreas mais relacionadas com as humanidades como nas científicas; 2- estímulo do desenvolvimento do raciocínio e capacidade crítica entre alunos, valorizando-se estas capacidades em detrimento de excessivos conteúdos programáticos que muitas vezes não são cumpridos ou então são facilmente esquecidos pelos alunos pouco tempo depois de serem adquiridos; 3- Valorização da aquisição de conhecimentos em áreas diversas, instigando-se o crescimento cultural dos jovens levando a que estes criem hábitos de leitura e gosto pela cultura em geral.
Para além destas prioridades penso que é absolutamente necessária a instituição de um método de avaliação de docentes que privilegie o esforço, dedicação e capacidades para leccionar dos professores mais empenhados e dinâmicos em contraponto aos medíocres. Para tal é imprescindível um diálogo justo e honesto que privilegie os interesses dos nossos alunos e não o ego de alguns políticos ou os interesses de dirigentes sindicais que mais parecem feirantes a vender os seus produtos. Não estamos a tratar de algo de importância menor. Pelo contrário trata-se da educação das nossas crianças e jovens, pelo que a esperança de um futuro melhor, mais competitivo e sustentável, passa certamente por melhorias no sistema educativo que não se meçam apenas por números enganadores e duvidosos, mas sim pelos níveis culturais, de intervenção cívica, capacidade crítica e dinamismo que os nossos estudantes consigam atingir.

quinta-feira, 11 de dezembro de 2008

Método Joan Miró

Método da Língua Portuguesa

O conhecimento é sem dúvida um requisito fundamental para vencer num mercado cada vez mais competitivo. Entre todas as áreas de conhecimento uma é especialmente importante para quase todas as profissões ou negócios: a língua.
Desde há uma semana que ando a frequentar um curso de inglês, na perspectiva de melhorar o meu pobre domínio da língua de Shakespeare (ou talvez mais de Mark Twain, pelo menos na minha escola). O nosso governo tem vindo a falar muito da importância do ensino deste idioma desde os primeiros anos da escola… Não critico tal ideia, critico sim o crescente abandono que a língua portuguesa, a terceira ocidental mais falada no mundo, tem sofrido, sendo vítima de um ensino cada vez menos criterioso e exigente. O abandono é tal que, no próprio país de origem desta brilhante língua, ela é cada vez mais maltratada e desprezada. Vai-se pelas ruas sombrias da baixa do Porto num passeio de sábado à tarde e só se vêem nomes de lojas em inglês, publicidades a novos produtos portugueses com nome inglês, e, imagine-se, um filme português falado em inglês, num abandono e desprezo pelo português só comparável á tristeza e decadência da Invicta cada vez mais decrépita e só.
Terei que concordar que houve algumas medidas importantes para inverter este ciclo, como o Plano Nacional de Leitura que teve sucesso considerável, e o acordo ortográfico. Talvez seja polémico, no entanto não estou aqui a discutir os pormenores mais “técnicos” do referido documento, isso deixo para os académicos especialistas dessa área discutirem com conhecimento de causa. Contudo lembro a importância que este acordo poderá ter no sentido de impedir uma fragmentação da língua portuguesa, podendo levar á reunião de esforços para a projectar a nível das relações internacionais e nos órgãos não governamentais como uma língua de importância fundamental a nível planetário.
Ao contrário dos nossos irmãos ibéricos, nós parecemos muito menos orgulhosos e defensores do que é nosso. O castelhano é uma língua em grande projecção e crescimento a nível global, cimentando a liderança mundial (excluindo China e Índia), havendo já estudiosos que garantem que esta pode vir a ameaçar o inglês nos EUA dentro de menos de 50anos. Quando é que as nossas classes dirigentes e as elites com responsabilidade se vão aperceber da importância da protecção e apoio á consolidação do português a nível global? Deixem-se de falsos intelectualismos que não nos levam a lado nenhum e só contribuem para uma separação cada vez maior entre o português “mais erudito” dos nossos escritores mais brilhantes e a completa desgraça do português falado pelo “Zé Povinho”.
Uma coisa tenho a certeza, podemos até abandonar aquilo que é a nossa maior recordação dos nossos heróis do passado e a maior esperança de um V Império futuro, no entanto a voz de Amália e Mariza e a poesia de Camões e Pessoa jamais deixarão morrer a sua língua.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

Método Salvador Dali

Método nevado

Antes de continuar esta mensagem devo referir o meu extremo orgulho de ser português.
Nesta terça-feira, numa tortuosa viagem de 4 horas e 30 minutos para fazer apenas 200km, passei momentos deliciosos enquanto o meu pensamento divagava e o meu olhar ficava deslumbrado com a brancura do Marão
coberto de neve.


No meu carro completamente só, sem sequer uma companhia radiofónica pois alguém decidiu que era boa ideia roubá-lo, fui deixando o pensamento fluir alimentado pela extrema beleza da paisagem.
De facto pertencemos a uma grande pátria. É certamente verdade que passamos por momentos difíceis, tempos de fraqueza que já vem de há décadas ou mesmo vários séculos atrás. No entanto quando penso no nobre povo, na nação valente e imortal que conquistou um país, descobriu meio mundo inaugurando porventura a era da globalização, o povo que lutou primeiro pela restauração da independência e depois pela liberdade, quando vejo e me orgulho dos meus contemporâneos que vingam e são reconhecidos pelos quatro quantos do mundo em áreas tão diversas como a poesia, pintura, música, desporto, economia, ciência ... não posso deixar de sonhar com o regresso desta pátria aos tempos de glória e projecção que viveu outrora.
Bem, se calhar até foi um compatriota meu que me roubou o rádio do carro, ,mas, e apesar disso, permitiu-me também deliciosos momentos enquanto o meu pensamento quase paranóico misturava a realidade e o sonho de uma pátria bela e orgulhosa como a neve do Marão.